deve ser porque
tenho uma sensação de barco
que penso que as estrelas
podem ser cantadas
sem compromisso outro
que não seja o canto.
um vazio-largo que se me apodera
nos brancos descritos
pelas cartas náuticas.
uso o meu veleiro
como leme e como vela
e como rede a pescar estrelas.
sendo no céu seus paradeiros,
deito no mar a linha alfabética.
se são elas sereias boas
a nos confundir com sua luminosidade
possuo a prosa e todas as letras combinadas
para lhes atrair o olhar.
não há necessidade de desnudá-las
para lhes perceber a existência.
não há necessidade de condená-las
para lhes observar a luz.
não há mesmo necessidade da poesia
para descrevê-las. nem mesmo o canto é preciso.
não há necessidade do disfarce do escuro
para lhes notar o brilho
aos que percebem estrelas como eu.
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