Vejo em mim
Que minha
estação
É lua
cheia,
Não estou
em época de plantio.
Em novembro
havia em mim
Tanta
primavera
E eram
ricos os mananciais.
Por que
deixei se aproximarem de minhas flores
Os galhos
secos despidos de flores
E que, até
então,
Só
conheciam da água o visgo violento
Das curvas
dos rios?
Vejo em mim
Que queimei
o verão
Em praias
que eu sabia serem duvidosas
E, mesmo
assim – por que não? –
Eu lhes
garanti o sol e o sustento
E a
possibilidade de terem turistas
Por todo um
verão.
Em dezembro
se fez o outono
Rico em
seiva
E alimentei
Os galhos
secos que não podem
Se erguer
mais,
Que não
podem sofrer
Uma
transfusão de seiva,
Que nunca
souberam o que é seiva,
Mas que
ávidos beberam
Da seiva
farta
Do meu seio
farto e doce,
Como
vampiros que bebem o sangue de menarcas
Sabendo
nunca saciarem suas sedes
E que suas
asas podres só voam
Por conta
do sangue alheio.
Quando
amanheci
Na lua
nova,
Já é
inverno:
Encho minha
banheira feita de sal
Com água
quente
Para
aquecer meu útero,
E me sentir
de novo em útero seguro.
Recupero a
energia
Que a ti
mantinha
E que agora
não tens mais.
Quando, na
crescente, o primeiro galho rachar
Tu saberás
o que é
Não poder
contar com a minha primavera.
Torno a
ver-te em uma hospedaria mísera
Sem sangue
e sem sal,
Foto
indistinta de uma luz amarelada...
Não é meu
inverno época de plantio,
Mas de
retomada.
Não me
fazem falta as estações puladas,
Delas sinto
apenas o ardor confuso
Causado
pela diferença dos fusos horários
Que o sol
estabelece entre as estações.
Nunca me
farão falta estas estações,
Só as pude
dar porque era o que havia em meu coração.
Dele,
também, tiro as fibras para a roupa deste inverno de fevereiro
Coso as
veias do sangue que se doava
Para curar
tua leucemia emocional,
Fecho meu
campo magnético
Que fluía
para tentar fechar
As chagas
do teu desespero.
Vejo em mim
que
Eu sabia que tratava com corsários,
Mas não sabia que havia ladrões de estações.
©leoniaoliveira (all rights reserved in TRIGO)
4 comentários:
Ótima leitura!!!
muito bom seu texto , parabems doce e delicado gostei .
MUITA SAPIÊNCIA PARA MINHA GRANDE IGNORÂNCIA; QUE GRITA DENTRO DE MIM COM PUJANÇA; E CAUSA EM MIM E TI UMA GRANDE DISTÂNCIA; ANTI AO VASTO EXÍMIO CONHECIMENTO; FICO ACUADO EM MEU CANTO BEM RESERVADO; ATÉ QUASE CALADO. ADMIRADO; EXTASIADO; ANTE TAMANHA SABEDORIA; DESTA GRANDE E SEM IGUAL POETISA! DEUS TE ABENÇOE; AGRACIADA; E QUEIRA DEUS ME SEJA CONCEDIDO TAMANHA INTELIGÊNCIA; PARA ESCREVER COM TANTA ELOQUÊNCIA!
DEUS TE ABENÇOE!
Beleza, profundidade, sensibilidade, reflexão poética que causa prazer e renova-se a cada nova linha. Muito boa. Parabéns.
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