sábado, 5 de janeiro de 2013

A GUERRA DOS LOBOS


Velho ferreiro com seu machado,
Procura a árvore que maior fogo garanta
Ao trabalho de duração de uma novena que a forja terá.
Minhas vestimentas e instrumentos serão feitos
E  não pode esperar a encomenda.
A guerra dos lobos começa
E lhe peço, senhor curtidor,
Um couro macio para acolchoar
O elmo que protegerá minha cabeça
Nesta batalha,
Um couro de touro que não aos lobos tema.
De Creta, os fios que sobraram do novelo de Ariadne,
Mandei vir à senhora cosedeira para tecer
A túnica que usarei por baixo de todo artefato,
São fios de cascas de ciprestes que convivem com lobos
E não os temem.
Deste fio nascerá um linho e minha camisa branca.
A malha que me guarnecerá o corpo
Já está em processo de feitio,
Usando os fios de aço como se a urdidura da seda tivessem
De modo que nem um uivo
Meu coração escute
Dos lobos com que vou me debater.
Na forja em chama o ferreiro derrete
O ferro amianto com que me faz as placas
Da armadura que usarei por cima.
Tira-as e na bigorna, como se a obra em negro fossem,
Dá-lhes golpes de martelo
Para que aprenda a não se render.
Nas mãos as luvas de couro e aço
Seguram a espada que sai do cocho
Com o peso de uma arroba
E o fio de uma navalha.
Finda a novena de preparativos
Visto-me toda e parto à guerra.
Cavalos eu não preciso,
Nem uma outra montaria,
A guerra será dentro de mim:
Entre o lobo ártico que eu alimento
Na certeza que é o lobo bom
E o lobo que os que tentam me enganar alimentam
Sem saberem que se trata de um lobisomem.
Não sabem os que tentam
Ao meu lobo ártico ferir,
Que ao lobisomem alimentam
E este os quer destroçar.
Assim, em tais vestais me enfurno
E parto para minha própria caverna.
E já não tenho certeza a que lobo eu me aliarei:
Se ao lobo ártico que é fiel e não comete atrocidades,
Embora lhe cometam. Belo como um cão ártico atento sobre a neve.
Forte como um urso polar, alimentado pelos meus sentidos.
Feroz como a leoa que me define.
Ou  ao lobisomem alimentado que quer devorar quem os alimenta.
De forma que neste combate,
Esteja eu protegida,
Com a vestimenta feita durante uma novena
E vença qual lobo vença,
Que de mim eu saia viva
Agindo, então, como lobo dentro de imbatível armadura
Para praticar a ordem do que foi mais alimentado.

©leoniaoliveira (all rights reserved in TRIGO)

Um comentário:

AkiNaRoçaÉAssim disse...

Eu que tenho medo de lobos, muito embora vivamos todos no meio deles, me dei conta de que sou uma lobo dos bons (rs), e achei simplesmente fantástico "A Guerra dos Lobos". Parabéns!