segunda-feira, 3 de junho de 2013

CORES E LETRAS, EXPOSIÇÃO NA ITÁLIA





ENGANO
Ela era aquela
Que nunca se quis,
A palavra mal dita,
O acento sem giz.
O fatal desespero
Da falta em gol.
O erro derradeiro,
O apito sem som.
Era quase parada,
Briga de  caminhão.
Era quase uma estrada
Uma carreira no chão.
Só mais uma visitadora
De Pantaleão.
Mas ela era aquela
De quem nunca se diz:
O erro derradeiro
De qualquer juiz.
A palavra bonita
Na placa do caminhão.
A boca visitada,
O corpo no chão.
A mentira encarnada,
A filha do ladrão.


leoniaoliveira

POEMA FEITO PARA A EXPOSIÇÃO CORES E LETRAS A SER REALIZADA EM JUNHO NA ITÁLIA


Num salto pulo,
Um breve estalo.
Subo no muro,
Eis-me a cavalo.
 
Vou comandando
As minhas tropas
De caracóis e gaivotas.
 
Fadas-madrinhas e lantejoulas
Me colocam a bordo de uma nau de guerra:
Sou rei, leão, sou astronauta
E, embora nauta, sou muitas feras
E acendo com pedrinhas o meu canhão.
 
Depois, um pouco, um outro encanto
Sento no manto
De volta à selva
Traço táticas aos meus soldados
Um tanto alados, um tanto destros,
Vou desenhando minha aquarela
E explicando,como quem canta,
Como deve ser a manta
Que vestirei
Ao entrar triunfante, cavalo e barco,
Usando um arco e um gavião,
No país dos ogres e dos gigantes
E neste instante
Soa a gaitinha
Da minha vizinha
Que eu não lembrei,
De levar comigo
Na viagem inteira.
 
Ela abre a porteira,
Do cavalo caio,
Foje meu baio,
Foje minha tropa,
Vai-se embora a gaivota,
Eu acordo no escuro
Não estou no muro,
Não estou na cama,
Minha voz reclama:
Devo estar no sonho
De um outro infante
E daí por diante
- Que sonho medonho! -
Ele sobe num muro
De cavalo chama
E lá vai-se o futuro
A perder a cama.

leonia oliveira