quarta-feira, 6 de novembro de 2013

MADEIXA

Eu sou minúscula frente à Montanha. Ainda assim ela ma deixa escalar. Acho que ela gosta de gente pululando em si, gosta do toque em suas escarpas, do afofamento em sua neve que deve ser algo como uma cócega.
Sua seda pura, sua seda em rama tem a alegria da ciranda, das festas com fogueiras ou do fogão das casas rústicas agora substituídos pelos aquecedores.
Seus carvalhos brancos unidos dão-lhe mais força, não que necessária, mas que guardiã. A água que lentamente congela é um prestígio para as manhãs.
E o ar que garante aos meus pulmões a alegria do reencontro com o puro oxigênio, dando-me a liberdade única do que é livre unicamente no mundo: respirar.
Diante  da imensidão que convida é lindo perceber esta palavra de origem primitiva: madeixa. Primitiva como a montanha, vinda de orientes árticos e desde sempre. A meada pequena sou eu, a porção de fios somos todos nós.
Minhas mechas loiras primitivas que agora deixo virem espontaneamente, como a montanha me deixa escalá-la.
Metaxa que nos agasalha com a rama dos carvalhos trançados em seus fios de lã de neve. Com seu frio aglutinando o cenário todo.
Parece uma moça alegre que brinca conosco e ri muito e se alegra demasiado com nossa visita.


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